terça-feira, 9 de novembro de 2010

Nos tons


Nos tons

É nela, dentro dela
sem espaços vazios
que vive a eternidade.

Gosto em ré menor
no aperto do peito quente
em adágios fados
de loucura e sofrimento

Porém gosto, em antítese
de Mi Maior em melodias
fraseadas de alegorias
praticadas noutros tempos

Dórico é para mim
o engate da aventura
a conquista da ternura
o toque da primeira infância

Mágico este dom
que atravessa o Universo
Do nada ver
respirando o silêncio
no escutar do som imenso

Soam harpas e flautas
em Dó Maior por excelência
Tocam liras no Olimpo
na celebração dos ceus
voam anjos nas estrelas

E no cimo das muralhas
na corangem se anuncia
o gritar de uma trompa agreste
em Sol Maior, tom brilhante esse
de luz, amor e perda

Vibram sons, ruídos e silêncio
nas escadas dos meus dias
intervalos, ausências, cadências
rítmica pulsação
embebida no andamento
da dinâmica ingénua
dessa vibração que me cativa
e que me guia

É nela, dentro dentro dela
que me solto e que encontro...
 
CC.

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